Associação Cultural e Recreativa de Vila Franca
 
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Festa das Rosas


 
 
Historial
A arte floral
Os cestos floridos
Galeria

 

Os Cestos Floridos

 

Na concepção total de um cesto - fundo, bordamento e remate empregam-se milhares de flores, caules e raízes de variadas plantas e roseiras recolhidas na semana anterior à festa, pela família e amigos da mordoma, que colaboram em todas as fases da sua construção

As flores recolhidas são colocadas em baldes com água ou no chão previamente molhado, para que estas consigam manter grande parte da sua frescura. Em seguida, fazem-se as molhadas, em que as flores escolhidas uma a uma, sempre as mais perfeitas, são reunidas em pequenas molhadinhas e atadas com linhas ou espadanas simultaneamente, no meio da sala (ou vulgarmente nos “coberto”, “adega” ou “loja”), em cima de um banco ou caixote, são fixados os quatro cantos da base do cesto de vime, por meio de fios ou arame.

O cesto, encomendado quase sempre de propósito, demora cerca de vinte e cinco horas a fazer, sendo a cestaria uma das muitas ameaçadas tradições do Alto Minho. É sobre o “corpo do cesto”, semelhante a um tronco de cone com cerca de um metro de altura, que se irão bordar os motivos, gastando-se muitos cestos de ceruda e de trevo na sua confecção. Ao centro é colocado uma peanha (pequeno pedestal) de madeira que tem aprumada ao meio uma haste metálica, que irá suportar a palha que constitui o seu revestimento bem como as molhadinhas de flores colocadas uma a uma com os pedúnculos para dentro, à roda do cesto. Esta armação ou “alma invisível” do cesto é utilizada repetidas vezes de ano para ano, de irmã para irmã, de uma casa para a outra.

As pétalas rebeldes que prejudicam a simetria são aparadas à tesoura pois só o uso de flores naturais e vegetais tolera a tradição na confecção do cesto, que deve apresentar o aspecto de um cilindro ou de um cone.

Na base do cesto e no topo é colocado uma cercadura feita de buxo que constitui o seu início e remate. Está assim concluído o “fundo”, sempre de um só tom podendo por vezes ser limitado por um ou mais filetes de flores de cor diferente.

Principia então a parte crítica da obra, que é confiada a um verdadeiro perito – o bordador – com a colocação “corpo do cesto” de folhelho de milho, recolhido na altura da maturação das espigas, colado em papel vegetal, sobre o qual irão ser afixadas fotocópias ampliadas dos desenhos que se pretendem bordar, e que irão sendo progressivamente retirados à medida que o bordamento se desenvolve.

As flores a utilizar são previamente espetadas com alfinetes, levando cada cesto cerca de 3Kg. Trata-se de uma tarefa morosa, em que quase exclusivamente, as mulheres sentadas ou de joelhos sobre almofadas trabalham horas a fio. Em tempos passados, em vez de alfinetes era utilizado cibo de gravalha (garuma, pruma, promisco, sama, franfulhos), o que trazia ainda mais dificuldades quanto à obtenção de um desenho perfeito e promenorizado.

Chega finalmente a fase mais esperada: o bordamento, em que as flores são pregadas contra o fundo do cesto, copiando o desenho previamente escolhido, havendo no entanto lugar para a inspiração do momento. Para bordar, são necessárias um número variado de flores, procuradas nos mais variados sítios (à beira-mar, nos planaltos dos montes, nos campos e margens de ribeiros).

Os motivos que vêm adornando os cestos são cada vez mais selectivos e diversificados por uma questão de despique, tendo sofrido uma notória evolução, nomeadamente nos últimos cinquenta anos.

Nos dias de hoje, os motivos apresentam vários aspectos da paisagem, bem como temas locais, e de todo o país, geralmente monumentos conhecidos. Os desenhos surgem, tal como outrora ladeados pelas iniciais ou nome da mordoma. Os bordadores demonstram assim a sua rara habilidade, requinte e bom gosto, bem como o seu perfeito conhecimento do comportamento das flores quanto à durabilidade e alteração. De profissões diversas, desde o engenheiro até ao humilde camponês, esforçam-se para manter a tradição arrecadando novos filhos para esta forma de arte popular em que o homem se encontra em plena comunhão com a natureza.

Depois do bordamento, segue-se a última tarefa em que no alto do cesto são espetadas as mais belas rosas, entrelaçadas por um fiozinho brilhante, prateado ou dourado, conhecido pelo nome “trena”, como homenagem da mordoma à santa padroeira de Vila Franca: a Nossa Senhora do Rosário.

 

As flores

 

No Monte podemos encontrar...

 ... Pruma ou Caruma, antigamente utilizada para “espetar” as flores e caules no corpo do cesto, actualmente substituída por alfinetes;

... Vagem de giesta, utilizada para representar o chão pela sua cor acinzentada, hoje em dia já em desuso pela sua dificil utilização e aparecimento de outras folhas de mais fácil utilização;

... Folha de eucalipto, nas suas várias cores — verde, castanha, cinzento, amarelo ou vermelha — usada para representar as pedras ou os telhados das casas, ou ainda as pedras das calçadas;

... Botão de Piriquito, utilizado para fazer contornos ou preenchimento de figuras/desenhos;

... Botão de Silva, usado para preenchimento de desenhos/figuras.

 

Na Veiga ou zonas húmidas podemos encontrar...

 

... Junco, utilizado para fazer os limites dos desenhos e marcações dos cestos;

... Feitilha, utilizado com o mesmo propósito do junco, diferindo apenas na cor;

... Ceruda, usada para fazer o “corpo do cesto”, depois de juntada cuidadosamente em molhadas;

... Jarros, actualmente já em desuso, era utilizado para preenchimentos de desenhos e representar as velas das caravelas;

... Marcela, utilizada no preenchimento dos desenhos.

 

No Campo podemos encontrar...

 

... Pampilhos, era utilizado para o “corpo do cesto”, já em desuso há várias décadas;

... Palha de centeio, utilizada para contornos dos desenhos e para representar escadarias ou sombras;

... Corola de milho, usado no preenchimento do fundo dos desenhos;

... Folha de Oliveira, utilizada para imitar a água/mar.

 

No Jardim ou Logradouro podemos encontrar...

... Buxo, utilizado para fazer as bases e terminações do “corpo do cesto”;

... Trevo, utilizado para a “base do cesto”, depois de ardua e gentilmente juntado em pequenas molhadas;

... Perpétuas, nas sua cor branca ou amarela, utilizado para preenchimentos de espaços, de forma a dar cor ao cesto;          

... Bálsamo, utilizado com o mesmo propósito das perpétuas, dependendo na cor;

... Granjas, utilizado com o mesmo propósito das perpétuas, dependendo da cor, geralmente para imitar o céu;

... Sardinheiras, utilizado com o mesmo propósito das perpétuas, diferindo apenas na cor.

 

 

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